Dom Walmor Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte-MG |
Esses pontos gravitam em torno da importante missão que a Igreja tem de anunciar a Boa Nova e fecundar a cultura contemporânea com os valores do Evangelho de Jesus Cristo. Proporcionando a todos, permanentemente, a oportunidade da experiência do encontro pessoal com o Salvador, dando à vida o único horizonte que não tem ocaso. A Igreja é desafiada, por fidelidade ao seu Mestre e Senhor, que a quer nesta missão, a organizar-se internamente. Portanto, a vivência autêntica da fé é seu primeiro compromisso. E, também, a tarefa de ajudar o mundo na cultura contemporânea a abrir-se ao amor de Deus e a conhecer e balizar-se em valores que duram; no sonho de consertar descompassos que afetam, violentamente, a vida da sociedade neste momento da história. A Igreja está consciente de que sua missão inclui tarefas importantes em relação à sua vida interna, bem como graves tarefas decorrentes de sua responsabilidade.
Essa tarefa missionária, de fazer com que toda criatura se torne discípula, implica que a Igreja tem que posicionar-se e participar do tecido do mundo, contribuir em tudo o que diz respeito ao bem e à justiça na sociedade. Por isso, a Assembleia Geral dos Bispos do Brasil incluiu na sua pauta, também, assuntos de interesse da sociedade, sem abrir mão do que diz respeito à sua identidade e missão enquanto instituição religiosa. Os assuntos abordados são uma avalanche de pontos tratados com intervenções variadas, trabalho de comissões especiais, votações e destaques, envolvendo muitos assessores e peritos nos diversos temas. Por isso, vale comentar a nota da CNBB a respeito da decisão do Supremo Tribunal Federal quanto à união entre pessoas do mesmo sexo. O ponto de partida é a afirmação do princípio da instituição familiar como base vital para toda a sociedade, com a tarefa de fazer do mundo uma grande família. Nesse horizonte a nota reafirma que a diferença sexual é originária e não mero produto de uma opção cultural. O matrimônio natural, entre homem e mulher, bem como a família monogâmica constituem um princípio fundamental do ‘direito natural’. A nota afirma, ainda, que as Sagradas Escrituras, por sua vez, revelam que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, e os destinou a ser uma só carne, conforme se lê no livro do Gênesis (1,27 e 2,24). Diante disso, conclui-se - diz a nota – “que a família é o âmbito adequado para a plena realização humana, o desenvolvimento das diversas gerações e constitui o maior bem das pessoas”.
As pessoas que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante pelo mesmo sexo, são merecedoras de respeito e consideração. Nós bispos, repudiamos todo tipo de discriminação e violência que fere a dignidade da pessoa humana, conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica (n. 2357-2358). Neste contexto em que o Estado reconhece as uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo – afirma a nota da CNBB - estas não podem ser equiparadas à família, que se fundamenta no consentimento matrimonial, na complementaridade e na reciprocidade entre um homem e uma mulher, abertos à procriação e educação dos filhos. Portanto, equiparar essas uniões à família, descaracteriza a sua identidade e ameaça a sua estabilidade. Espera-se, por isso mesmo, que o Estado valorize e proteja a família no seu exato sentido.
Os bispos se posicionam quanto à preocupação ao ver que poderes constituídos ultrapassam a competência que têm, como aconteceu com a referida decisão do Supremo Tribunal Federal, não sendo esta a primeira vez em que conflitos dessa natureza comprometem a ética na política. Este assunto, na lista de outros tantos, igualmente importantes, merece especial atenção e a iluminação da fé cristã católica.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
(Mensagem enviada por Wellington Ramos)
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Muita criatividade nessa hora!