sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

SOCORRO! SOU UM EX-COORDENADOR

Esse grito de socorro parte de duas análises. Primeiro, o professor e músico João Valter Ferreira Filho, ex-coordenador nacional do Ministério das Artes, autor do livro “Socorro sou um coordenador”, aborda com muita propriedade os desafios e questionamentos da função de coordenador a partir de Moisés e Pedro.
Segundo, no livro "O Monge e o Executivo", James C. Hunter diz o seguinte: "Liderança não é estilo, liderança é essência, isto é, caráter. Liderança e o amor são questões ligadas ao caráter. Paciência, bondade, humildade, abnegação, respeito, generosidade, honestidade, compromisso. Estas são as qualidades construtoras do caráter, são os hábitos que precisamos desenvolver e amadurecer se quisermos nos tornar líderes de sucesso, que vencem no teste do tempo".
Com freqüência, vivo me perguntando: como deixar a função de coordenador e voltar a ser servo com mais ardor e entusiasmo missionário? Quem ama servir a Deus o faz independente de cargo ou função. Deus pode revogar ou renovar quando e com quiser um posto de liderança. Sabemos que Moisés empreendeu a missão com moção honrosa porque aprendeu a aprender sempre. E Jesus ensinou a todos nós o grande segredo para se tornar um servo, um líder, um coordenador de sucesso: dar a própria vida.
Quais são nossas motivações durante a caminhada? Receber aplausos? Elogios? Reconhecimento? Um Oscar? No plano humano, ao fim de um serviço bem executado, somos homenageados com placas, faixas e, até mesmo, podemos ter nossa memória estampada em nome de ruas, escolas e praças. No plano de Deus os valores são inversos. Por isso, se a nossa motivação não for a de estar diante de Deus, devolvendo a Ele o que é Dele, vamos enfraquecer e, infelizmente, desistir.
A palavra de São Lucas (17,10) revela com precisão o espírito de um ex-coordenador: “Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer”. Mesmo sendo bons coordenadores, dedicados e cumpridores da vontade de Deus somos indignos do favor divino e totalmente dependentes da misericórdia de Deus. Ao olharmos o exemplo de Jesus notamos que, no fim de sua missão, ele não teve os pés lavados, mas tratou de se humilhar e lavar os pés dos discípulos.
Devemos sempre lembrar: eu estou coordenador, pois o fazer é passageiro. Eu sou servo de Deus, e o serei por toda minha vida. Deus só delega sua missão aos homens e mulheres que se desprendem de si mesmos e que, de forma ilógica, atribui a um totalmente Outro o fruto do sucesso de seu trabalho.

Júlio César dos Santos – Conselho Arquidiocesano Ministério de Música e Artes

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