terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Qual a importância do Louvor?

       A Igreja nos ensina que na eternidade em Deus nossa atividade será louvá´Lo, sem cessar. Citando santo Inácio de Loyola, o Catecismo sempre ensinou que este será o gozo da nossa alma . Na oração Sacerdotal , antes de sofrer a Paixão, Jesus orou assim: ´A vida eterna consiste em que Te conheçam a Ti , um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste.´(Jo 17,3). Então, a vida eterna consiste em ´conhecer´ e ´louvar´ a Deus. Não é possível louvar a Deus sem conhecê´Lo. Mas este conhecimento de Deus não é apenas teológico, mas principalmente pela comunhão e participação de sua vida divina. Ao contemplar a grandeza ou a beleza de suas obras, todas feitas para nós, com amor, sabedoria e perfeição, nosso coração exulta e nossos lábios cantam como o salmista. Os 150 Salmos são a expressão de um coração apaixonado pelo seu Deus, e que exprime em prosas, versos, canções, gritos e júbilos, toda a sua alegria e todo o seu amor ao Criador. Assim, o louvor é a expressão primeira e necessária de todo aquele que crê. O salmista quer que tudo e todos, sem cessar, em todo o tempo e lugar, cantem as glórias do Senhor. O último dos salmos expressa essa ´explosão´ de louvor: ´ Louvai o Senhor em seu santuário, Louvai em seu majestoso firmamento. Louvai´o por suas obras maravilhosas, Louvai´o por sua majestade infinita. Louvai´o ao som da trombeta, Louvai´o com a lira e a cítara. Louvai´o com tímpanos e danças, Louvai´o com a harpa e a flauta. Louvai´o com símbolos sonoros, Louvai´o com símbolos retumbantes. Tudo o que respira louve o Senhor´ (Sl 150). É maravilhoso esse ´tudo o que respira louve o Senhor´! A Liturgia faz eco a essas palavras dizendo: ´Na verdade, Vós sois santo, ó Deus do universo, e tudo o que criastes proclama o vosso louvor...´ (Or. Eucarística III) Deus, por sua onipotência, onisciência, onipresença, perfeição, majestade, eternidade,... tem direito de receber de todas as suas criaturas o louvor permanente, por uma razão muito simples, foi Ele quem as criou; isto é, as tirou do nada. Por isso dizia São Tomás que ´quanto mais nos afastamos de Deus, mais nos aproximamos do nada.´ O louvor é, portanto, a necessidade da alma que reconhece a grandeza do seu Criador, e agradece as suas maravilhas. Maria, a ´serva do Senhor´, soube expressar muito bem esta realidade: ´Minha alma engrandece o Senhor, Meu espírito exulta de alegria em Deus meu salvador´. Quando louvamos o Senhor, conscientemente, do fundo da alma, não apenas com os lábios, nossa alma sintoniza com Deus, e todas as suas faculdades são ordenadas, harmonizadas e pacificadas. Por isso, diz a Liturgia: ´Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar´Vos graças e bendizer´Vos, Senhor, Pai santo, fonte da verdade e da vida...´(Prefácio ´ o dia do Senhor). Deus não precisa do nosso louvor, nós é que precisamos louvá´Lo, a fim de fazermos comunhão com Ele, e nos enriquecermos dos seus dons. É ainda a Liturgia que nos ensina que: ´se louvar a Vós, nada acrescenta à Vossa Majestade, no entanto contribui para a nossa santidade...´. E ainda: ´É justo e nos faz todos ser mais santos louvar a Vós, ó Pai, no mundo inteiro, de dia e de noite, agradecendo com Cristo...´ (Or. Euc. V) Agostinho de Hipona dizia que ´Ser sábio é tudo dirigir ao louvor de Deus´. E afirmava ainda que; ´Ainda que não se possa dizer coisa alguma digna de Deus, Ele admite o obséquio da voz humana e quer que nos rejubilemos com nossas próprias palavras ao louvá´Lo.´ E ensinava aos seus discípulos dizendo: ´Nossa meditação é uma espécie de treino no louvor do Senhor. Se a felicidade da vida futura consiste em louvar a Deus, como poderemos louvá´Lo se não fomos treinados? Louva e bendiz ao Senhor todos e em cada um dos teus dias para que quando venha esse dia sem fim, possas passar de um louvor a outro sem esforço.´ Como não podemos passar o dia em louvor, apenas com os lábios, por causa das atividades, Deus nos deu uma outra maneira de louvá´Lo: cumprindo bem a sua vontade em tudo o que devemos fazer. Assim, tudo será dirigido para a Sua glória. Podemos louvar a Deus com os lábios e com a vida. Santo Agostinho dizia : ´ Vou te dar um meio de louvar a Deus o dia inteiro, se o quiseres. Tudo o que fizeres, faze´o bem e terás louvado a Deus.´ São Paulo nos ensina a fazer tudo com a reta intenção de louvar a Deus: ´Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus´. (1Cor 10,31) Isto deixa claro que não devemos louvar a Deus somente com palavras, mas também com a vida. O apóstolo ainda insiste aos colossences: ´Tudo o que fizerdes, por palavra ou por obra, fazei´o em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus Pai´ (Cl 3,17). ´Tudo o que fizerdes, fazei´o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens...´(Cl 3,23) Esta é a mais bela maneira de louvar a Deus: cumprir bem a sua vontade. ´Fazer o que Deus quer, e querer o que Deus faz´, dizia Santo Afonso de Ligório. Trabalhar bem, honestamente, fazendo tudo com diligência, capricho, eficiência, sem preguiça e sem murmuração, mesmo entre suores ou lágrimas, é uma belíssima maneira de também louvar a Deus, desde que tudo seja feito por seu amor. Por isso dizia São Bento: ´Ora et labora´. Jesus disse: ´Brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.´(Mt 5, 16) Portanto, o Pai é glorificado quando os outros observam as nossas ´boas obras´, e não apenas nosso louvor oral. De nada vale louvar a Deus com os lábios e ser um preguiçoso, relapso nos serviços do seu estado, ou displicente na sua profissão. Pouco vale louvar a Deus com os lábios se não o louvar com a vida. Por isso dizia o grande santo de Hipona: ´Canta com os lábios, canta com o coração, canta com a vida.´ Quando Jesus terminou sua missão, antes de sofrer a Paixão, disse ao Pai: ´Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer.´(Jo 17,4)
Felipe Aquino

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muita criatividade nessa hora!